Sol no Olho

O que ao olho brilha o caminho é bem-vindo.  Raro em si como um nascer de dia que não se repete, tão pouco se anuncia. No ritmo ,  no se fazer sem ensaio, na descoberta, como a aspereza da areia no pé sendo dissolvida pelo afago da água. Se a vida dá rasteira? Dá sim. Faz quebra, caixote, salga, mareia. Também põe de pé, refresca, renova. Abre novo horizonte. Traz mais balanceio. 

O entorno não é meio, é o desafio do se despreender. Mas o mapa quem tem é o brilho no olho, o peito aberto, o motivo, a necessidade de expandir. Tudo que o mar toca, de certa forma perde a borda. Porque o que derrama sentido, funde, transborda, leva para todos os possíveis.

Quem tem medo não pode seguir. Quem se critica não pode expressar. Dá as costas para o que brilha os olhos, vive no conta gotas, se cerca de certezas para escrever um livro de acertos póstumos que jamais será escrito. O lugar fixo é o mais perigoso. Ali tudo seca.

Na janela viva do sentimento não cabe o labirinto da retórica. Ela é mar derramado, denso e implacável em ser o que é e como é. Pulso que se desdobra por marés: amar o que és. Quando aos olhos for sol, despe-se para dissolver-se em existência.

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Na Boca